Trump intensifica guerra comercial: o que pode vir depois das tarifas?
Com novas tarifas implementadas, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, pode estar preparando outras medidas econômicas para coagir parceiros comerciais. A pergunta que paira no ar é: quais armas ainda restam em seu arsenal?
As opções não convencionais dos EUA
Como maior potência financeira global, os Estados Unidos têm ao seu dispor mecanismos com grande poder de pressão:
- Controle sobre o dólar e seu fornecimento internacional
- Influência através de redes de pagamentos como Visa e Mastercard
- Pressões políticas e acordos bilaterais condicionados
Enfraquecer o dólar para reequilibrar o comércio
Trump pode tentar reativar um modelo similar ao Acordo Plaza de 1985, propondo um “Acordo de Mar-a-Lago”. A ideia seria convencer bancos centrais estrangeiros a valorizar suas moedas, enfraquecendo o dólar. Porém, analistas enxergam essa possibilidade como improvável, especialmente diante das diferenças econômicas e políticas em relação ao passado.
Resistência internacional
Economistas apontam vários obstáculos:
- Bancos centrais da Europa, Japão e Reino Unido não devem aceitar medidas que provoquem recessão
- A China busca estimular sua economia e não valorizaria seu iuan
- O Japão ainda se recupera de anos de deflação
O dólar como arma de pressão
Outra tática seria usar o dólar como instrumento de coação. Trump poderia tentar influenciar o Federal Reserve a restringir linhas de swap — mecanismo usado para fornecer dólares a bancos centrais estrangeiros em tempos de crise.
- Isso afetaria mercados de crédito trilionários fora dos EUA
- Os mais prejudicados seriam bancos do Reino Unido, zona do euro e Japão
Riscos dessa abordagem
Embora poderosa, essa medida poderia prejudicar a confiança no dólar como moeda global. Analistas alertam que a manipulação dessas linhas de crédito pode ser vista como “ameaça nuclear”, danificando a credibilidade americana.
Cartões de crédito e pagamentos digitais: outra arma?
Os EUA também dominam o setor de pagamentos. Empresas como Visa, Mastercard, Apple Pay e Google Pay processam grande parte das transações fora dos EUA.
- Na zona do euro, 2/3 dos pagamentos com cartão passam por redes americanas
- Apps de celular americanos representam 10% do varejo
Impactos de uma interrupção
Caso Trump pressione essas empresas a cortar serviços, como ocorreu na Rússia, a Europa enfrentaria grandes dificuldades. O Banco Central Europeu reconheceu o risco de coerção econômica e estuda alternativas como o euro digital, que ainda está distante da implementação.
O que a Europa pode fazer?
Apesar de hesitante, a União Europeia considera formas de reação:
- Imposição de tarifas retaliatórias
- Restrições ao acesso de bancos americanos ao mercado europeu
Mas medidas mais duras podem ser arriscadas, dada a influência de Wall Street e os possíveis efeitos colaterais para credores europeus.
Conclusão: a geopolítica econômica em jogo
Com o cenário comercial global em constante mudança, Trump pode lançar mão de táticas nada convencionais. Entretanto, cada movimento carrega riscos profundos tanto para os EUA quanto para a estabilidade econômica mundial. A Europa e outras potências precisarão estar preparadas para responder de forma estratégica, evitando a escalada de uma nova guerra econômica global.
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